A partir deste sábado (14), motoristas que trafegam pela BR-163 em Mato Grosso do Sul pagarão 5,53% a mais nas tarifas de pedágio. O aumento autorizado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) provocou indignação entre transportadores, motoristas e parlamentares, que denunciam o descaso com as promessas de duplicação da rodovia.
Com nove praças de pedágio espalhadas ao longo da BR-163/MS, os novos valores para automóveis irão variar entre R$ 6,50 e R$ 10. Caminhoneiros e ônibus deverão desembolsar entre R$ 13 e R$ 60, conforme o número de eixos. O reajuste é baseado na correção do IPCA e foi autorizado antes mesmo da assinatura do novo contrato de concessão com a empresa Motiva, que substituirá a CCR MSVia a partir do dia 1º de agosto — 35 dias antes do previsto, após antecipação de etapas do processo licitatório.
Apesar da troca de gestão e da promessa de investimentos de R$ 16,5 bilhões nos próximos 29 anos, sendo R$ 9,3 bilhões destinados a obras. O histórico da concessão continua sendo motivo de revolta, após 11 anos de concessão da CCR MSVia, menos de 20% da rodovia foi duplicada, gerando críticas contundentes tanto do setor de transporte quanto de deputados estaduais.
“É mais uma sangria à população sul-mato-grossense. Temos uma rodovia não duplicada e pagamos pedágio como se fosse duplicada. A ANTT não faz nada, e a concessionária segue reajustando tarifas sem entregar o que prometeu”, disparou Dorival de Oliveira, assessor da presidência do SETLOG/MS (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística).
Segundo o sindicato, o custo do pedágio impacta diretamente no valor do frete e será repassado ao consumidor final. O cenário de insegurança na rodovia, ainda com trechos considerados perigosos, agrava a situação para motoristas que circulam com suas famílias.
"Os reajustes seguem previsão contratual, mas as obras previstas não são entregues. Não tem como absorver esse aumento. O SETLOG orienta que o custo do pedágio seja repassado imediatamente ao frete”, pontua Dorival.
Na Assembleia Legislativa, o reajuste também acendeu o alerta. O deputado Pedrossian Neto classificou o aumento como "um desrespeito", lembrando que os usuários estão pagando por um serviço não prestado.
“Esse reajuste é mais um absurdo. Após 11 anos, não entregaram nem 20% da duplicação contratada. A população pagou e continua pagando por um serviço que não recebeu. É um desrespeito essa conta ficar na mão do usuário”, afirmou o deputado Pedrossian Neto.
O deputado lembrou que já denunciou a situação ao Ministério Público Federal e defendeu que o Legislativo estadual intensifique a fiscalização com audiências públicas, visitas técnicas e articulação com órgãos de controle.
Para a deputada Mara Caseiro, o reajuste é “inaceitável” diante do histórico de falhas:
“A BR continua inacabada e com pedágio caro. O povo já foi enganado uma vez e não vamos permitir que isso se repita. A nossa luta é para que os interesses da população estejam acima dos lucros das concessionárias.”
Nova concessionária assume em agosto, mas desconfiança permanece
A Motiva, nova responsável pela rodovia, assina contrato em 1º de agosto, após vencer o leilão do dia 22 de maio sem concorrência. Por ter sido a única participante, o processo foi agilizado com a eliminação de 13 etapas do certame. O valor do pedágio foi fixado em R$ 7,52 a cada 100 km, sem desconto.
Mesmo com a promessa de iniciar obras ainda em 2025 e entregar 210 km duplicados até 2030, os parlamentares se mostram céticos. O deputado Roberto Hashioka defende que, diante do descumprimento anterior, o pedágio deveria ter sido reduzido, e não reajustado.
“Como não cumpriram o contrato anterior, o pedágio deveria ter desconto, conforme as cláusulas. No entanto, foi reajustado o tempo todo, como agora, e seguimos com expectativa de uma duplicação parcial”, disse.
A ANTT, por sua vez, afirma que o reajuste segue critérios contratuais e é necessário para garantir a qualidade da via e os serviços de atendimento 24 horas. Mas, na prática, a sensação dos usuários é de que pagam caro por pouco.
“Esse modelo de concessão está falido. Precisamos de um novo contrato com metas claras, prazos e punições reais. A população já perdeu demais”, conclui Pedrossian Neto.
Novas Tarifas de Pedágio na BR-163/MS
Válidas a partir de 14 de junho de 2025
Reajuste de 5,53% autorizado pela ANTT
Valores para veículos de passeio
Praça | Localidade | Nova Tarifa (R$) |
---|---|---|
P1 | Mundo Novo | R$ 6,50 |
P2 | Itaquiraí | R$ 8,90 |
P3 | Caarapó | R$ 8,90 |
P4 | Rio Brilhante | R$ 9,10 |
P5 | Campo Grande | R$ 10,00 |
P6 | Jaraguari | R$ 7,80 |
P7 | São Gabriel do Oeste | R$ 7,50 |
P8 | Rio Verde de Mato Grosso | R$ 10,00 |
P9 | Sonora | R$ 7,40 |
Caminhões e ônibus: tarifas variam de R$ 13 a R$ 60, conforme o número de eixos.