A segunda safra de milho no sul de Mato Grosso do Sul segue com desempenho abaixo do esperado, refletindo um dos cenários mais desfavoráveis dos últimos anos. Dados do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga MS) mostram que 67,9% das lavouras da região estão com algum nível de problema, resultado de um ciclo marcado por adversidades climáticas e atrasos no calendário agrícola.
Entre os municípios afetados estão Dourados, Itaporã, Fátima do Sul, Ivinhema, Vicentina, Glória de Dourados, entre outros. Em Dourados, dos 174 mil hectares cultivados, apenas 30% das lavouras apresentam condições consideradas boas. As demais estão divididas entre situações regulares (55%) e ruins (15%).
O contraste entre as regiões do Estado é significativo. Enquanto o sul apresenta os piores índices, o nordeste sul-mato-grossense registra 98% das lavouras em boas condições. O norte e o oeste também demonstram desempenho positivo, com mais de 90% da área agrícola em situação favorável.
O impacto atual é uma consequência direta do escalonamento da colheita da soja, causado por chuvas irregulares no início do ciclo. Isso comprometeu a janela ideal de plantio do milho, levando muitas áreas a enfrentarem períodos de estiagem durante fases críticas de desenvolvimento.
Apesar de as chuvas de março terem contribuído para a recuperação parcial de parte das lavouras, a expectativa de produtividade permanece abaixo do padrão histórico. A média estadual projetada é de 80,8 sacas por hectare, com produção estimada em 10,2 milhões de toneladas, número impulsionado principalmente pelas regiões em melhores condições.
Além dos fatores climáticos, o custo elevado de produção tem levado produtores a reduzir a área plantada com milho, optando por culturas alternativas como o sorgo e a canola. A área atual destinada ao milho representa apenas 47% da área ocupada pela soja, redução expressiva em relação a safras anteriores.
O cenário no sul de Mato Grosso do Sul reforça a instabilidade enfrentada pelo setor agrícola em 2024, com dois ciclos consecutivos de prejuízos e incertezas.
