sexta, 14 novembro 2025

RURAL

há 1 mês

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Mato Grosso do Sul agora tem o maior raio-X de solos do Brasil, aponta estudo da Embrapa

Zoneamento Agroecológico reúne mais de 3.500 análises e torna o Estado referência nacional em dados sobre solo, uso da terra e potencial agrícola

Atualizado: há 1 mês

Da redação

Mato Grosso do Sul passou a contar com o diagnóstico de solos mais completo do Brasil, fruto do Zoneamento Agroecológico (ZAE) elaborado em parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e a Embrapa Solos, do Rio de Janeiro. O estudo técnico de alto nível traça um verdadeiro raio-X ambiental do território sul-mato-grossense, mapeando suas características físicas, químicas e biológicas, além de identificar áreas aptas para agricultura, vulnerabilidades ambientais, capacidade hídrica e uso sustentável da terra.

O resultado foi apresentado na quinta-feira (9), durante evento técnico realizado no auditório da Famasul, em Campo Grande, com a presença de autoridades estaduais, pesquisadores e especialistas do setor produtivo e ambiental.

Segundo o secretário-executivo da Semadesc, Rogério Beretta, o levantamento se destaca como o mais detalhado já feito no país.

“São mais de 3.500 pontos de amostragem de solo e 3.000 análises de perfis, o que torna este o maior banco de dados sobre solos no Brasil. Isso nos permite antecipar riscos de erosão, identificar áreas degradáveis e fornecer segurança tanto para o Estado quanto para o produtor rural”, afirmou.

O estudo permite que investidores, produtores e gestores públicos tomem decisões mais seguras e sustentáveis. “É possível, por exemplo, consultar a aptidão agrícola de cada área, evitando cultivos inadequados e maximizando a produtividade com responsabilidade ambiental”, complementou Beretta.

Formação técnica e apoio ao produtor

A chefe de Pesquisa da Embrapa Solos, Cláudia Pozzi Jantalia, destacou o ineditismo e o detalhamento do trabalho.

“Mato Grosso do Sul agora tem o maior volume de dados de solos do país. A próxima etapa é capacitar os técnicos para que repassem essas informações diretamente aos produtores, garantindo que o conhecimento chegue a quem realmente faz uso da terra”, explicou.

Ela enfatizou que os dados têm validade de longo prazo e ajudam a planejar o futuro mesmo diante das mudanças climáticas. “A estabilidade das informações sobre o solo é um diferencial estratégico para o desenvolvimento agrícola e ambiental.”

Como foi feito o zoneamento

O estudo envolveu três fases, com análises em mais de 3 mil pontos em todos os biomas do estado, com exceção da planície pantaneira, por se tratar de área de preservação ambiental. As amostras foram analisadas nos laboratórios da Embrapa Solos (RJ) e da Esalq/USP, em Piracicaba (SP).

Foram avaliadas propriedades químicas, físicas, biológicas e a infiltração de água, criando uma leitura precisa do potencial e das limitações do solo em cada região.

Segundo o pesquisador Cesar Chagas, o estudo também indica áreas com diferentes finalidades, como:

  • Zona agrícola,

  • Zona de pastagem e silvicultura,

  • Zona de culturas especiais (com uso de drenagem),

  • Áreas de conservação ambiental,

  • Terras indígenas,

  • Unidades urbanas.

Resultados e próximos passos

De acordo com os dados, cerca de 234 mil km² do Estado são aptos para atividades agropecuárias, o que corresponde a 65% da área total de Mato Grosso do Sul. A outra parcela abrange áreas protegidas, urbanas e de uso restrito.

Além disso, o ZAE detalha a aptidão para diferentes culturas, como soja, milho, trigo, arroz, girassol, aveia, cana-de-açúcar, sorgo, amendoim, entre outras. Essa inteligência geográfica fortalece o planejamento territorial e contribui para um modelo de produção mais eficiente e sustentável.

Acesso público às informações

O zoneamento completo estará disponível em breve em plataformas digitais:

  • Portal PronaSolos, do Ministério da Agricultura,

  • Sites da Semadesc e do Governo do Estado (GovMS),

  • Plataforma MS em Mapas,

  • Aplicativo com acesso off-line, facilitando o uso por técnicos em campo.

Com esse estudo, Mato Grosso do Sul consolida-se como referência nacional em gestão do solo, sustentabilidade ambiental e inteligência territorial aplicada à produção agropecuária.

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