A retratação feita pelo CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, sobre a polêmica decisão de não comprar mais carne do Mercosul foi considerada insatisfatória pelo presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni. Em comentário sobre o documento divulgado, Bertoni afirmou que a carta foi “muito tímida” e não apresentou uma defesa contundente da qualidade da carne brasileira, especialmente a produzida em Mato Grosso do Sul, um dos maiores polos de suinocultura e produção de carne bovina do país.
Bertoni destacou que a indústria agropecuária brasileira é altamente tecnificada e sustentável, comparando-a favoravelmente com os maiores produtores globais. Ele ressaltou que, no Brasil, a preservação ambiental é uma prioridade, com exigências de reserva legal em propriedades rurais, algo que coloca o país em um patamar superior no quesito sustentabilidade. “Nós temos a produção mais sustentável do mundo, não é possível ignorar isso”, afirmou Bertoni, apontando a importância de defender a imagem da carne brasileira, fundamental para a economia do estado.
Em 2023, Mato Grosso do Sul exportou mais de US$ 118 milhões em carne para a União Europeia, com a França sendo um dos destinos, mas a maior parte do produto foi destinada à China e aos Estados Unidos. Apesar disso, a polêmica causada pela declaração de Bompard gerou uma reação negativa de lideranças do setor agropecuário, incluindo a Famasul e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que entrou com ação judicial contra a empresa.
O presidente da Famasul também apoiou a iniciativa da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) em relação ao projeto de reciprocidade nas exigências ambientais, que será votado em regime de urgência na Câmara dos Deputados. O objetivo é garantir que os países consumidores de produtos brasileiros sigam os mesmos critérios de sustentabilidade exigidos do Brasil.
Para Bertoni, a indústria de carne de Mato Grosso do Sul, reconhecida pela sua eficiência e qualidade, não pode ser alvo de desinformação, especialmente de grandes redes de varejo internacionais. Ele enfatizou a necessidade de um compromisso mais firme do Carrefour e de outras empresas estrangeiras em relação à sustentabilidade e à qualidade da produção agropecuária brasileira, de forma a fortalecer a imagem do setor e garantir a competitividade do Brasil no mercado global.