Produtores rurais de Mato Grosso do Sul estão enfrentando uma tempestade perfeita. A combinação de fatores como quebra de safra, dólar alto, custo elevado dos insumos e falta de seguro acessível tem levado dezenas de empresas do agronegócio a recorrer à recuperação judicial para evitar a falência.
Levantamento da RGF Associados mostra que, só nos três primeiros meses de 2025, 44 empresas sul-mato-grossenses ingressaram com pedido de recuperação judicial – um aumento de 57% em relação ao mesmo período de 2024. O cenário acende o alerta em um dos estados mais produtivos do país e segue a tendência nacional, onde os pedidos no setor agropecuário saltaram 138% em um ano, segundo a Serasa Experian.
Em MS, o cultivo de soja lidera os pedidos, seguido pelos setores de transporte de cargas, criação de gado, comércio atacadista e supermercados. A maioria dos empresários chega ao Judiciário já em situação crítica, buscando reorganizar dívidas e salvar o que ainda resta da produção.
Especialistas defendem que a recuperação judicial tem sido, para muitos, a única saída. No entanto, o aumento dos casos preocupa instituições financeiras e fornecedores, que temem um efeito dominó na cadeia produtiva. O alto custo dos processos – que pode ultrapassar R$ 2 milhões – também levanta dúvidas sobre a real capacidade de recuperação dessas empresas.
A médio prazo, a saída passa por mais investimentos em irrigação, ampliação do crédito rural e fortalecimento do seguro agrícola. Sem essas medidas, afirmam especialistas, o campo seguirá refém das intempéries e da instabilidade econômica.