sexta, 21 março 2025

Economia

há 1 mês

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Agricultura familiar de MS entra no mercado de crédito de carbono com projeto pioneiro

Pequenos produtores rurais aderem à agrofloresta e passam a receber por preservação ambiental em projeto pioneiro no Brasil.

Atualizado: há 1 mês

Redação

Mato Grosso do Sul dá um passo inovador na sustentabilidade ao inserir pequenos produtores rurais no mercado de crédito de carbono. Com a implementação do Programa Agroflorestar MS – Carbono Neutro, o Estado se torna o primeiro do Brasil a incluir a agricultura familiar nesse setor, unindo preservação ambiental e geração de renda.

O projeto, lançado oficialmente na última sexta-feira (14) no assentamento Nazareth, em Sidrolândia, envolve cerca de 800 agricultores familiares, que irão plantar agroflorestas em 2.000 hectares ao longo de quatro anos. Esse sistema produtivo sustentável combina árvores, arbustos, culturas agrícolas e, em alguns casos, animais no mesmo espaço, promovendo a recuperação do solo e a captura de carbono da atmosfera.

Além de beneficiar o meio ambiente, os produtores cadastrados receberão pagamentos por crédito de carbono, viabilizados pela plataforma Rabobank Acorn, que monitora a biomassa das áreas plantadas por sensoriamento remoto e vende os créditos no mercado internacional. Até agora, 95 agricultores foram cadastrados e 70 já receberam 9 mil mudas para iniciar suas agroflorestas.

Mudança de paradigma para a agricultura familiar

O programa é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), a Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Associação dos Produtores Orgânicos do Mato Grosso do Sul (APOMS). A iniciativa também conta com o apoio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e da Cresol Centro-Sul.

Segundo o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, o projeto representa uma estratégia essencial para atingir a meta de carbono neutro em Mato Grosso do Sul até 2030. “Tínhamos um desafio: como fazer com que os agricultores assentados entendessem esse modelo e o incorporassem? Hoje, estamos vendo isso se tornar realidade”, afirmou.

Impacto social e ambiental

O assentamento Nazareth, onde ocorreu o lançamento, já conta com 18 produtores cadastrados, que receberam cerca de 1.500 mudas cada. Marli Berbelim, uma das beneficiadas, celebrou a chegada do projeto: “Sou filha de assentados do primeiro assentamento do Estado, então esse apoio significa muito para mim. Já recebemos 130 mudas e nossa área será ampliada”.

Além da diversificação da produção agrícola, a iniciativa prevê a redução do uso de insumos químicos, o fortalecimento da fertilidade do solo e a geração de novas oportunidades de renda para pequenos agricultores. O diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman, reforçou o compromisso da agência: “Trabalhamos há dois anos para tornar isso possível. Agora, os agricultores estão recebendo as mudas e colocando o projeto em prática”.

Reconhecimento internacional

O modelo desenvolvido em Mato Grosso do Sul já chama a atenção de instituições nacionais e internacionais. O Governo do Estado pretende apresentar a iniciativa na COP-30, conferência global sobre mudanças climáticas que será realizada no Brasil em 2025. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) estuda replicar o programa em outras regiões do país.

“Estamos colocando o agricultor familiar no centro do debate sobre mudanças climáticas e redução de emissões de carbono. Cada pequeno produtor está contribuindo para um impacto global”, concluiu o secretário Jaime Verruck.

 

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