Durante mais uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, realizada nesta terça-feira (13), a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da investigação, protagonizou um dos momentos mais tensos da oitiva ao confrontar diretamente a influenciadora Virgínia Fonseca, que foi convocada como testemunha devido à sua participação em campanhas publicitárias milionárias relacionadas a plataformas de apostas online.
Com mais de 53 milhões de seguidores nas redes sociais, Virgínia foi questionada por Soraya sobre os impactos sociais e financeiros da promoção desse tipo de jogo, especialmente entre jovens e famílias em situação de vulnerabilidade. “A senhora vive em um mundo de 53 milhões, mas existem outros milhões pedindo socorro”, disse a senadora, referindo-se ao grande número de denúncias que a CPI tem recebido de pessoas endividadas ou afetadas emocionalmente pelo vício em apostas.
A relatora também indagou a influenciadora sobre o possível recebimento de comissões atreladas às perdas dos apostadores, conforme cláusulas contratuais apontadas por denúncias. Virgínia negou que tal prática tenha ocorrido e afirmou que não poderia comentar os termos do contrato por questões de confidencialidade, mas garantiu: “Nunca ganhei dinheiro com a perda dos outros”.
Thronicke ainda sugeriu que, diante do sucesso financeiro já alcançado por Virgínia, ela poderia se tornar uma voz contra a promoção desse tipo de conteúdo. “A senhora não precisa do dinheiro das Bets. Poderia usar sua influência para alertar sobre os riscos”, afirmou.
Ao longo da sessão, a senadora sul-mato-grossense reiterou a importância de ouvir influenciadores digitais com grande poder de alcance para entender como funcionam os contratos com plataformas de apostas. A comissão busca identificar não apenas irregularidades contratuais, mas também possíveis ligações dessas empresas com esquemas de lavagem de dinheiro e impactos no orçamento doméstico dos brasileiros.
A CPI foi instalada em novembro de 2024 e segue em funcionamento até o dia 14 de junho, sob presidência do senador Dr. Hiran (PP-RR) e relatoria de Soraya Thronicke. O colegiado é composto por dez titulares e sete suplentes, e já convocou outras personalidades, como Deolane Bezerra, que obteve liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para não comparecer.
O trabalho da senadora Thronicke tem se destacado por sua postura firme nas oitivas e pela cobrança de responsabilidade ética aos influenciadores envolvidos com o setor de apostas. A parlamentar defende uma regulamentação mais rígida e transparente do segmento, com o objetivo de proteger os consumidores, especialmente os mais vulneráveis.
A investigação continua, com novos depoimentos previstos nas próximas semanas.