O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início, no sábado (1º), a uma série de compromissos fora de Brasília que se estenderão por dez dias. A agenda combina inaugurações, anúncios voltados à sustentabilidade e ações preparatórias para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para ocorrer em Belém entre 10 e 21 de novembro.
Durante a passagem pela capital paraense, Lula participou da entrega das obras de ampliação do Aeroporto Internacional de Belém e da revitalização do Porto de Outeiro. Os dois empreendimentos fazem parte do conjunto de investimentos destinados a aprimorar a infraestrutura da cidade para receber o evento internacional. O aeroporto recebeu cerca de R$ 450 milhões em melhorias, enquanto o porto passou por obras de modernização para aumentar sua capacidade operacional.
Ainda como parte da programação, o presidente deve seguir para Fernando de Noronha (PE), onde pretende lançar um novo projeto federal voltado à produção de energia renovável.
Expectativas para a COP30
Na véspera da viagem, o Itamaraty confirmou a presença de 170 delegações na Cúpula dos Líderes, que antecede a COP30 e será realizada nos dias 6 e 7 de novembro. Dentre elas, 57 chefes de Estado e 39 ministros confirmaram participação. Lula representará o Brasil no encontro.
Também em Belém, a primeira-dama Janja Lula da Silva discursou na abertura do festival Global Citizen: Amazônia, no estádio Mangueirão. Ela destacou que o governo espera que esta seja “a COP da virada”, em referência à redução de 50% no desmatamento da Amazônia em 2023, em comparação com o ano anterior.
Janja afirmou que “a crise climática é também uma crise de desigualdade”, citando dados que apontam que o 1% mais rico da população brasileira emite sete vezes mais carbono que os 10% mais pobres. Ela defendeu que o país adote um modelo de desenvolvimento que una proteção ambiental e inclusão social.
O festival, que reuniu artistas nacionais e internacionais como Anitta, Gilberto Gil, Gaby Amarantos, Seu Jorge, Daniela Mercury, Charlie Puth e Chris Martin, marcou o encerramento da campanha Proteja a Amazônia, que arrecadou mais de US$ 345 milhões para projetos de conservação.
Universidade indígena e energia solar em comunidades
No domingo (2), o presidente visitou a Aldeia Vista Alegre do Capixauã, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, em Santarém (PA), onde anunciou a criação da primeira Universidade Indígena do Brasil. A instituição terá sede em Brasília e unidades descentralizadas em todos os estados.
“Os jovens indígenas vão poder estudar perto de suas aldeias, sem precisar abandonar seu território”, declarou Lula. O lançamento oficial do projeto está previsto para o dia 17 de novembro.
Durante a visita, o presidente também prometeu levar energia solar a 4.338 famílias indígenas que vivem na reserva, após relatar surpresa com a ausência de eletrificação no local. A proposta inclui a instalação de painéis fotovoltaicos, eliminando a necessidade de ligação convencional à rede elétrica.
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, informou que o processo de demarcação das comunidades Vista Alegre e Escrivão será concluído em 2025. A comitiva presidencial contou ainda com as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas).









