A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas, instaurada no dia 17 de maio, em Brasília, que vai investigar o esquema de manipulação de resultados em partidas do futebol brasileiro, especialmente nas Séries A e B, terá como um dos integrantes na lista de parlamentares titulares, o deputado federal por Mato Grosso Sul, Beto Pereira do PSDB. Ele foi escolhido, na Câmara Federal, junto com mais 35 parlamentares para integrar a CPI, formada por Felipe Carreras (PSB-PE), eleito relator, e Júlio Arcoverde (PP-PI) como presidente.
Carreras (PSB-PE) foi o responsável pelo requerimento, protocolado em março, dias depois de o Ministério Público de Goiás (MP-GO) deflagrar a primeira fase da operação, que investiga apostadores e jogadores envolvidos em esquema de apostas no futebol brasileiro.
Passos da CPI
Com o inquérito instaurado pela Câmara dos Deputados, a partir de agora, a CPI terá 120 dias para investigar o esquema de apostas e manipulação de resultados descoberto no futebol, com convocação de personagens para depor e quebras de sigilo bancário. A investigação policial continua no Ministério Público Segundo a legislação, uma CPI tem poder de investigação próprio de autoridades judiciais. Na prática, ela pode inquirir testemunhas, ouvir suspeitos, prender - somente em caso de flagrante delito -, requisitar informações e documentos, convocar ministros de Estado e quebrar sigilo fiscal, bancário e de dados.
A CPI da Manipulação de Resultados terá 36 integrantes, entre 25 deputados titulares e 11 suplentes. De acordo com Felipe Carreras, a comissão irá apurar e ouvir todos que podem estar relacionados com o caso de apostas. Serão ouvidos todos os atores, desde quem organiza as competições, até as empresas e casas de apostas idôneas. Ele diz acreditar que "a credibilidade do futebol brasileiro está em xeque".
Fraudes
O esquema de apostas e manipulação de resultados no futebol foi descoberto em Goiás. Uma quadrilha foi apontada pelo MP-GO, transformando mais de 20 pessoas em réus. A primeira denúncia partiu do presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que também é major da Polícia Militar de Goiás e levou o caso ao Ministério Público.
Segundo o Ministério Público de Goiás, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos – como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time. Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas. Entre os réus, estão jogadores e apostadores.