O secretário municipal de Administração e Finanças de Bonito, Edilberto Cruz Gonçalves, conhecido como "Beto Caveira", de 46 anos, teve a prisão preventiva decretada nesta terça-feira (7) sob suspeita de liderar um esquema de corrupção e fraudes em licitações no município, localizado a 259 quilômetros de Campo Grande.
A ordem de prisão foi determinada pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, do Núcleo de Garantias, e cumprida no âmbito da operação denominada Águas Turvas, referência irônica às águas cristalinas que tornaram Bonito um dos principais polos turísticos do Brasil.
Além de Edilberto, foram presos o arquiteto e urbanista Carlos Henrique Sanches Corrêa, 45 anos, proprietário da empresa Sanches e Corrêa, e Luciene Cíntia Pazette. Um quarto integrante do grupo, empresário ainda não identificado, também recebeu mandado de prisão, mas segue foragido. Ele é apontado como beneficiário direto dos contratos fraudulentos.
A operação foi conduzida pela 1ª Promotoria de Justiça de Bonito, com apoio do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). No total, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em Bonito, Campo Grande, Terenos e Curitiba (PR), em endereços ligados aos suspeitos e às empresas envolvidas.
Investigação
O Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MPMS) informou que a organização criminosa atuava desde 2021, fraudando licitações de obras e serviços de engenharia em Bonito, e também em Terenos, município onde o prefeito de Bonito chegou a ser preso recentemente. Segundo o MPMS, as fraudes eram realizadas por meio da simulação de concorrência e estipulação de exigências específicas que direcionavam os contratos para empresas do grupo criminoso.
De acordo com a investigação, agentes públicos forneciam informações privilegiadas e auxiliavam na organização das fraudes, em troca de vantagens indevidas. Até o momento, os valores envolvidos nos contratos investigados somam R$ 4.397.966,86.
A assessoria da Prefeitura de Bonito informou que aguardará o desenrolar dos fatos e, por enquanto, não pretende se manifestar oficialmente sobre a prisão do secretário.
O secretário
Edilberto Cruz Gonçalves foi nomeado para a Secretaria de Finanças em dezembro de 2020, quando o prefeito Jusmail Rodrigues anunciou sua equipe de gestão. A operação Águas Turvas representa um esforço coordenado do Ministério Público e das forças de segurança para combater fraudes, corrupção e lavagem de dinheiro no município.
A ação evidencia a atuação sistemática de um grupo que, segundo as investigações, manipulava licitações e contratos públicos em benefício próprio, prejudicando os cofres municipais e o controle das obras públicas na cidade turística.
Corretor de imóveis preso em flagrante
Durante o cumprimento dos mandados da Operação Águas Turvas, o corretor de imóveis Dionei Camargo, também alvo da investigação, foi preso em flagrante em Campo Grande. Segundo o Gaeco, o suspeito portava uma arma de fogo com registro irregular e munições no momento da abordagem. O material foi apreendido e encaminhado para perícia.
De acordo com as autoridades, Dionei é apontado como um dos operadores financeiros do grupo, atuando na movimentação e dissimulação de valores obtidos por meio das fraudes em licitações. Ele teria auxiliado na aquisição de imóveis e bens em nome de terceiros para ocultar a origem ilícita dos recursos desviados.
Os promotores destacam que novas prisões não estão descartadas e que a operação segue em andamento para identificar o destino do dinheiro público desviado e responsabilizar todos os envolvidos.
