Uma operação da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras) desmantelou uma quadrilha que refinava cocaína em Campo Grande e pode estar envolvida em execuções ligadas ao tráfico de drogas na Capital. Seis suspeitos foram presos durante a ação, que contou com o apoio da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A investigação teve início em dezembro de 2024, após a prisão de um homem que, segundo a polícia, foi peça-chave para identificar a estrutura criminosa. A partir de sua análise financeira e telemática, foi possível rastrear outros envolvidos com o tráfico, homicídios e lavagem de dinheiro.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foram recolhidas drogas como cocaína, maconha e pasta base, além de 14 armas de fogo, incluindo fuzil, pistolas e escopeta. Também foram apreendidos veículos de luxo, como um Porsche, uma moto BMW, uma Hilux e um Nivus, além de R$ 20 mil em espécie.
O delegado responsável pelo caso, Pedro Henrique Pillar, destacou que os criminosos movimentavam quantias milionárias sem qualquer atividade lícita que justificasse os valores. "Alegar receber salário mínimo e ter movimentações financeiras entre R$ 500 mil e R$ 3 milhões é absolutamente incompatível", afirmou.
Segundo a polícia, o grupo operava refinando cocaína em Campo Grande após trazer a droga de Corumbá. O dinheiro obtido era "lavado" com a compra de veículos e outros bens, estratégia comum entre organizações criminosas. Além disso, algumas das armas apreendidas estavam escondidas em tubos de PVC, indicando que poderiam ser usadas em crimes, incluindo execuções.
As investigações apontam que a quadrilha pode estar ligada a recentes homicídios registrados na cidade, que seguem o padrão de disputas territoriais entre facções. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), apenas em janeiro deste ano, 41 homicídios dolosos foram registrados em Mato Grosso do Sul, sendo sete apenas nos dois primeiros dias de fevereiro.
Entre os casos mais recentes está a execução de Elpídio da Silva Santos, de 35 anos, apontado como um dos chefes do tráfico na Vila Nhanhá. Ele foi morto no último domingo (2) com 14 tiros no rosto e no tórax, em plena luz do dia. O crime tem características de acerto de contas e ocorreu no mesmo local onde outro homem foi executado semanas antes.
As investigações continuam para identificar outros integrantes da organização criminosa e possíveis conexões com homicídios na Capital.