O III Fórum Estadual de Mudanças Climáticas realizado em Bonito (MS), reuniu representantes do setor público, universidades, setor produtivo, comunidades tradicionais e organizações civis. O encontro teve como foco principal a formulação de estratégias para enfrentar os efeitos da mudança do clima, promovendo o diálogo entre diferentes atores sobre ações de mitigação, adaptação e transição para uma economia de baixa emissão de gases de efeito estufa (GEE).
Durante a programação, foram entregues notas técnicas produzidas pelas três Câmaras Técnicas criadas na primeira edição do evento, em 2023. Também foram anunciados os novos eixos temáticos que devem nortear os trabalhos do Fórum a partir de agora: a Política Estadual de Pesca e os impactos do crescimento desordenado de javalis e javaporcos, agora reconhecidos não só como ameaça econômica, mas como problema ambiental.
“O Fórum abre espaço para que a sociedade participe da construção das soluções. Não é uma política de gabinete”, afirmou Artur Falcette, secretário adjunto da Semadesc. “É um instrumento de governança, um espaço para que possamos propor caminhos viáveis a partir de realidades diversas”.
A programação contou com a presença de gestores públicos estaduais e municipais, além de especialistas e lideranças locais. O diretor de Desenvolvimento da Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FBDS), Rafael Loyola, defendeu a necessidade de repensar o modelo econômico atual:
“O desenvolvimento não pode mais ignorar os limites da natureza. Precisamos proteger o meio ambiente não apenas por sua importância ecológica, mas porque ele é parte vital da nossa infraestrutura social e econômica”, destacou.
Diagnósticos e desafios locais
Durante o Fórum, também foram apresentados dados que apontam para uma mudança no uso do solo em Mato Grosso do Sul nos últimos anos, com redução de áreas degradadas pela pecuária extensiva e aumento de áreas destinadas à agricultura, florestas plantadas ou preservação ambiental.
“Tivemos uma redução de mais de 5 milhões de hectares de áreas degradadas, sem afetar a produção de carne”, disse o secretário da Semadesc, Jaime Verruck. “Esses dados mostram que é possível produzir com sustentabilidade, mas ainda há cerca de 4 milhões de hectares a serem transformados nos próximos anos”.
O secretário também destacou programas estaduais que incentivam práticas mais sustentáveis, como o Precoce MS, Leitão Vida e Frango Vida, que contam com critérios ambientais. “Temos buscado integrar produção, conservação e inclusão social. Mas isso exige planejamento de longo prazo”, concluiu.
Participação regional e ações paralelas
Paralelamente ao Fórum, o II Encontro de Secretarias Municipais de Meio Ambiente reuniu representantes de várias cidades do Estado para discutir políticas locais. Também aconteceu a XIII Feira Socioambiental de Bonito, com exposições e atividades interativas promovidas por instituições públicas e da sociedade civil.
O prefeito de Bonito, Josmail Rodrigues, destacou que a agenda ambiental é prioritária para o município. “Nossa economia e identidade dependem da preservação dos rios e nascentes. Estamos trabalhando em medidas firmes para garantir isso”, afirmou, referindo-se ao novo Plano Diretor Urbano em elaboração.
O Fórum faz parte das ações previstas no Programa Estadual de Mudanças Climáticas (Proclima) e se propõe a manter o diálogo permanente entre governo e sociedade sobre os desafios ambientais atuais e futuros.
