Com apoio internacional crescente por um cessar-fogo, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, embarca nesta quinta-feira (15) para a Turquia com um objetivo claro: pressionar Vladimir Putin a sentar-se à mesa de negociações para discutir o fim da guerra. A reunião, que será mediada pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan, ainda não tem a presença confirmada do líder russo — e, para Zelenski, isso já é uma resposta.
"Se Putin não aparecer e fizer joguinhos, o ponto final é que ele não quer a paz", afirmou Zelenski durante coletiva em Kiev. A ausência do presidente russo será interpretada como recusa a qualquer acordo, mesmo após Moscou ter sinalizado, no último dia 10, que aceitaria retomar os diálogos sem pré-condições.
O movimento de Zelenski ocorre em meio à intensificação da pressão por parte dos Estados Unidos e da União Europeia. As potências ocidentais cobram uma trégua imediata e ameaçam impor sanções ainda mais duras contra a Rússia, caso o encontro diplomático em Ancara não avance.
A possível participação do presidente dos EUA, Donald Trump, também está no radar. Em sua primeira viagem internacional desde que reassumiu o cargo, Trump manifestou interesse em se juntar às tratativas — com apoio de Zelenski — numa tentativa de fortalecer os laços entre os dois governos, que começaram o ano em tensão.
Mesmo com a expectativa internacional e a disposição pública da Ucrânia em negociar, o Kremlin se mantém evasivo. Segundo o porta-voz Dmitri Peskov, uma delegação russa estará presente na Turquia, mas a presença de Putin ainda não foi confirmada.
Enquanto Kiev exige um cessar-fogo como ponto de partida para qualquer negociação, Moscou rejeitou essa condição na semana passada, apesar de ter sinalizado abertura ao diálogo direto. O chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andri Yermak, foi enfático: “Não daremos motivos para a Rússia nos acusar de sabotar o processo de paz”.
Na Europa, líderes como Emmanuel Macron (França) e Friedrich Merz (Alemanha) pedem que Putin demonstre real disposição de encerrar o conflito. Caso contrário, o endurecimento das sanções contra Moscou será inevitável.
O encontro na Turquia pode marcar um novo capítulo ou aprofundar ainda mais o impasse. Para a Ucrânia e seus aliados, o recado é claro: a próxima jogada está nas mãos de Putin. ( Com inf Conteúdo Estadão)