A pressão do governo dos Estados Unidos para que o Brasil adote uma definição mais ampla de terrorismo, incluindo o crime organizado, tem gerado preocupação entre profissionais da área de inteligência. Segundo fontes do setor, a mudança poderia ser usada futuramente como justificativa para ações militares americanas em território brasileiro, sob o argumento de combate a ameaças à segurança dos EUA.
O tema ganhou destaque após o presidente Donald Trump intensificar o discurso de “narcoterrorismo” para legitimar operações contra grupos criminosos na América Latina, como ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico Oriental. O governo norte-americano também vem pressionando países da região a seguir a mesma linha de enquadramento jurídico.
Em maio, representantes do Departamento de Estado dos EUA, incluindo o diretor interino da Coordenação de Sanções, David Gamble, estiveram no Brasil para defender a mudança na legislação antiterrorismo. O governo brasileiro, porém, recusou a proposta e reafirmou que o conceito de terrorismo adotado no país segue padrões internacionais, associados a motivações políticas, religiosas ou ideológicas, e não econômicas, como no caso do crime organizado.
Para especialistas, a tentativa americana de expandir o conceito representa um risco geopolítico. A medida, afirmam, poderia servir de base para justificar futuras ações militares ou sanções contra países da América do Sul sob o pretexto de combate ao terrorismo, comprometendo a soberania nacional e a estabilidade regional.









