O oxigênio do submarino que sumiu no último domingo (18) com cinco pessoas a bordo numa expedição para explorar os restos do Titanic pode acabar na manhã desta quinta-feira (22). Apesar dos estoques finais do suprimento a bordo do submersível Titan desaparecido, projetado para armazenar até 96 horas, o esforço monumental para resgatar seus cinco passageiros continua inabalável.
Aeronaves equipadas com sonar, várias embarcações marítimas e ferramentas de exploração em alto mar foram implantadas em um esforço coordenado pelos EUA, Canadá, França e outros para encontrar o submersível da OceanGate Expeditions, que desapareceu apenas uma hora e 45 minutos após a exploração do Titanic, a costa de Newfoundland, com reservas aéreas para até quatro dias, conforme estimativa da Guarda Costeira dos EUA.
Segundo as últimas informações, as equipes vasculharam uma grande região do Atlântico para tentar encontrar o submersível, mas até agora nada foi encontrado, apenas ruídos que não foram identificados. O suboficial Robert Simpson, porta-voz do Primeiro Distrito da Guarda Costeira, que está liderando os trabalhos, informou que alguns fatores vêm dificultando as buscas, entre eles, o mar agitado e a neblina na região. Além disso, a distância até a própria área de busca, que fica a cerca de 1,4 mil quilômetros a leste de Boston (aproximadamente a distância entre São Paulo e Vitória da Conquista, na Bahia).
Primeira imagem- A Guarda Costeira dos EUA divulgou, na quarta-feira (21), a primeira imagem do “Deep Energy”, um dos navios que está auxiliando nas buscas pelo submarino Titan. O quarto dia de buscas foi crucial, considerando que o suprimento de oxigênio da embarcação pode acabar nesta quinta.
Conforme informações, existem poucas opções viáveis para levantar o submarino. Se o Titan estiver no fundo do oceano, a pressão de uma coluna de água de 3.800 metros e a escuridão vão atrapalhar muito o resgate. Muitas embarcações não tripuladas não podem descer nas profundidades necessárias para tal recuperação, firmou Tim Maltin, um especialista em Titanic.
Outra situação é "Se o Titan conseguir retornar à superfície, pode ser difícil localizá-lo na água aberta, afirmaram os especialistas. O submarino está hermeticamente fechado com parafusos do lado de fora, e é impossível para os tripulantes escaparem"
A Marinha dos EUA utiliza o Curv-21, um veículo operado remotamente que pode trabalhar até seis quilômetros debaixo d’água, que participou da recuperação de um caça F-35 perdido no Mar da China Meridional em 2022. No entanto, o Curv-21 precisa de navios especializados para erguê-lo na água e puxá-lo de volta, junto a qualquer material que ele rebocar. A Marinha tem apenas um punhado desses rebocadores oceânicos da frota e desativou um desses navios que operava no Atlântico, o USNS Apache, em agosto de 2022.
Esperança - O empresário Oisin Fanning, que já participou de uma viagem no submarino Titan até o local de naufrágio do Titanic, disse conhecer algumas das pessoas que estão no submarino desaparecido no oceano desde domingo (18/06).
O ex-passageiro disse que acha que as pessoas a bordo sabem como maximizar seu suprimento de oxigênio, previsto para durar até a manhã desta quinta-feira. "Eles vão tentar preservar o oxigênio. Farão de tudo para se manterem calmos, respirarem superficialmente e preservarem o oxigênio pelo maior tempo possível.", disse Fanning.
Segundo Fanning, antes do mergulho no submarino, os passageiros participam de um treinamento. Ele afirmou à BBC News que os participantes acordam às 4h e que os procedimentos de segurança são feitos por cerca de quatro a cinco horas antes do veículo submergir.
Quais são os possíveis motivos por trás do desaparecimento? O submarino Titan perdeu contato 1 hora e 45 minutos após o mergulho, com estimativa de 96 horas de suporte de vida. A expedição turística estava prevista para durar oito dias. No submarino, estão a abordo:
• Shahzada Dawood, empresário paquistanês;
• Sulamen Dawood, filho dele;
• Hamish Harding, empresário britânico bilionário;
• Paul Henry Nargeolet, maior especialista no naufrágio do Titanic;
• Stockton Rush, CEO da OceanGate, empresa responsável pelo passeio.
Propriedade da empresa OceanGate, o submarino é considerado “o mais leve e mais econômico para mobilizar do que qualquer outro submersível de mergulho profundo”. O veículo marítimo é projetado para levar cinco pessoas (um piloto e quatro passageiros) em uma profundidade de até quatro quilômetros. No caso da embarcação desaparecida, o objetivo era localizar os destroços do Titanic, que estão a 3,8 quilômetros de profundidade.
Em seu site, a OceanGate diz que a expedição do Titanic serve para “conduzir pesquisas científicas e tecnológicas do naufrágio”, registrando as condições do acidente com fotos e vídeos e documentando a flora e a fauna que habitam o local onde estão os destroços.
Construído com fibra de carbono e titânio, o submersível Titan pesa 10,4 toneladas, tem capacidade de carga útil de 685 kg e tem 6,7 metros de comprimento, por 2,8 metros e 2,5 metros. O veículo pode alcançar uma velocidade de 5,5 quilômetros por hora (o equivalente a três nós, o sistema de medição de velocidade utilizado em barcos), sendo movido por quatro propulsores elétricos. (Com informações do The Washington Post e The New York Times)
De acordo com Eric Fusil, professor associado da Universidade de Adelaide e especialista em submarinos, uma possível causa para o desaparecimento do Titan seria um corte de energia, que poderia ter comprometido os sistemas de comunicação com a superfície.
O veículo subaquático possivelmente não tinha uma segunda fonte de energia para que pudesse permanecer operante. Outros fatores que podem ter contribuído incluem um incêndio a bordo, causado por um curto-circuito ou problemas decorrentes de um sistema elétrico defeituoso, e a inundação da embarcação, dadas as profundidades extremas às quais o Titan estava operando no momento de seu desaparecimento.