A Polícia Federal (PF) convocou o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e o ex-número 2 da agência, Alessandro Moretti, para depoimentos sobre alegados esquemas de espionagem ilegal. As oitivas estão marcadas para quinta-feira, 17, e ocorrerão na sede da PF em Brasília, como parte das investigações da "Abin paralela", que apura a utilização irregular da Abin para monitoramento de opositores políticos durante o governo de Jair Bolsonaro.
A medida ocorre após uma denúncia revelada pelo UOL, que aponta a espionagem de autoridades paraguaias em 2022. Agentes da Abin teriam participado de um ataque hacker para coletar informações sobre negociações em torno da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Diante da gravidade das acusações, a PF abriu uma investigação para apurar os fatos e identificar eventuais responsáveis.
Alessandro Moretti foi demitido no início de 2024, após indícios de que ele e outros membros da Abin teriam dificultado as apurações relacionadas à "Abin paralela" e agido em conluio com servidores investigados. Já o atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, afirmou estar à disposição das autoridades para fornecer esclarecimentos sobre os eventos ocorridos durante a gestão anterior de Ramagem.
O ex-diretor Alexandre Ramagem, que ocupava a liderança da Abin antes de Corrêa, também está sendo investigado pelo STF por sua participação em um esquema de espionagem e outras atividades ilegais. Ramagem é apontado como responsável por usar a estrutura da Abin para proteger familiares do ex-presidente e atacar adversários políticos, além de ser réu por tentativa de golpe de Estado.
O caso segue gerando controvérsia, e o STF já havia rejeitado, em 2024, o pedido da PF para compartilhar provas da Operação First Mile com a Corregedoria da Abin, alegando o risco de interferência nas investigações. O processo continua a expor a complexa relação entre as agências de inteligência do Brasil e as autoridades políticas, gerando um intenso debate sobre o uso da estrutura do Estado para fins partidários.(Conteúdo Estadão)