sexta, 14 novembro 2025

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Europa Clipper da Nasa pode cruzar cauda de cometa interestelar 3I/Atlas

Encontro raro entre sonda e partículas de cometa promete fornecer dados inéditos sobre sistemas estelares além do Sol

Atualizado: há 2 semanas

Ricardo Prado

Entre os dias 30 de outubro e 6 de novembro, a sonda Europa Clipper, da Nasa, poderá atravessar a cauda do cometa 3I/Atlas, um objeto interestelar que se originou fora do Sistema Solar. O fenômeno é considerado raro e oferece uma oportunidade única para a coleta de informações sobre a composição de materiais de outro sistema estelar.

O cometa foi identificado em 1º de julho pelo sistema chileno ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), e sua trajetória hiperbólica confirmou sua origem externa ao nosso Sistema Solar. Segundo a Nasa, o 3I/Atlas chegará à maior proximidade com o Sol por volta de 30 de outubro de 2025.

Observações feitas pelo telescópio espacial James Webb e por outros instrumentos indicam que a coma do cometa — a nuvem de poeira e gás que o envolve — contém dióxido de carbono em proporção incomum, diferente de cometas tradicionais. A Agência Espacial Europeia (ESA) também monitora o objeto de perto.

Possível travessia da cauda iônica

Pesquisadores europeus, liderados por Samuel Grant, do Instituto Meteorológico da Finlândia, e Geraint Jones, da ESA, modelaram o encontro usando o programa Talicatcher, que simula o movimento das partículas sob efeito do vento solar. Segundo o estudo, a Europa Clipper pode atravessar a cauda iônica do cometa, um fluxo de partículas carregadas, durante o alinhamento entre o Sol, a nave e o 3I/Atlas.

Embora a probabilidade de danos à sonda seja baixa, o evento representa uma chance científica excepcional. “Praticamente não temos dados sobre o interior de cometas interestelares e os sistemas estelares que os formaram. Amostrar a cauda dessa forma é o mais próximo que podemos chegar de uma amostra direta desse tipo de objeto”, afirmou um dos pesquisadores envolvidos.

Importância para a ciência

Cometas como o 3I/Atlas funcionam como cápsulas do tempo, contendo material formado em estrelas distantes. A coleta de partículas e medições de plasma durante a travessia permitiria análises muito mais precisas do que aquelas obtidas por telescópios terrestres ou orbitais, contribuindo para o entendimento da formação de sistemas planetários além do nosso.

O evento promete ser um marco na exploração espacial, oferecendo uma visão inédita do universo interestelar e dos materiais que circulam além do Sistema Solar.
 

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