Uma comitiva brasileira, liderada por Marcelo Bertoni, presidente da Famasul, viajou à União Europeia para avançar nas negociações do acordo Mercosul-UE e esclarecer questões comerciais e ambientais que têm sido obstáculos. A missão passou por Roma, Bruxelas e Paris, onde a delegação se reuniu com representantes do Parlamento Europeu, FAO, Comissão de Meio Ambiente da União Europeia, Comitê de Agricultura e a OCDE, apresentando dados que evidenciam a capacidade da agropecuária brasileira de produzir com sustentabilidade e tecnologia, como o uso do plantio direto. Marcelo Bertoni destacou a excelência da produção brasileira, ressaltando que o Brasil é o único país capaz de realizar até três safras anuais no mesmo hectare, além de preservar grandes áreas de vegetação.
Apesar dos avanços apresentados, a comitiva enfrentou resistência, especialmente em relação à meta de desmatamento zero, uma exigência da União Europeia que Bertoni considerou injusta para os países em desenvolvimento e prejudicial à segurança alimentar global, além de encarecer os preços dos alimentos. Para enfrentar esse desafio, os representantes brasileiros sugeriram a adoção da “lei do espelho”, que exigiria que os países da UE adotassem regras ambientais similares às do Brasil. No entanto, essa proposta encontrou resistência, especialmente da França, que mantém uma postura protecionista, o que dificultou as negociações.
O protecionismo europeu, principalmente da França e possivelmente da Itália, é um dos maiores obstáculos ao acordo, pois esses países representam mais de 35% da população da União Europeia. Apesar disso, espera-se que a Itália não rompa com o Mercosul, visto que a parceria continua sendo vantajosa para o país. A missão também reforçou a importância da União Europeia como um parceiro comercial estratégico, destacando que exportar para esse mercado confere aos produtos brasileiros um selo de qualidade e sustentabilidade, tornando-os mais competitivos globalmente.
As negociações entre Mercosul e União Europeia continuarão nos próximos meses, com a participação de representantes da CNA, como Gedeão Pereira, Sueme Mori e Bruno Lucchi, e da FPA, incluindo Pedro Lupion e a senadora Tereza Cristina.
