Durante a reunião do G20 no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a taxação sobre os super-ricos e criticou os altos juros das dívidas enfrentadas pelos países mais pobres. Em seu discurso, Lula destacou a disparidade econômica global e a falta de representatividade das nações em desenvolvimento nos organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial.
"A riqueza dos bilionários passou de 4% do PIB mundial para quase 14% nas últimas três décadas. Alguns indivíduos controlam mais recursos do que países inteiros. Outros possuem até problemas espaciais próprios," afirmou Lula.
O presidente enfatizou que os super-ricos pagam proporcionalmente menos impostos do que a classe trabalhadora e defendeu a cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global. Ele também criticou a baixa alíquota do imposto sobre herança no Brasil, que é de apenas 4%, comparado aos 40% nos Estados Unidos. Lula mencionou a doação de Raduan Nassar ao governo federal como um exemplo de generosidade motivada por taxas mais altas.
No evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumentou que um imposto de 2% sobre grandes fortunas poderia gerar até US$ 250 bilhões anualmente, valor significativamente superior ao que os maiores bancos multilaterais dedicaram ao combate à fome e à pobreza em 2022.
Lula também abordou o problema do endividamento dos países pobres, ressaltando que o pagamento de juros excessivos impede a adoção de políticas sociais efetivas. Ele criticou a exportação líquida de recursos dos países mais pobres para os mais ricos e destacou a necessidade de uma governança mais justa nos organismos internacionais.
Durante a reunião, Lula lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a principal bandeira do Brasil no G20. A proposta visa combater as desigualdades sociais globalmente e deve receber apoio financeiro de outros países. A Espanha e a Noruega já sinalizaram contribuições, enquanto Brasil e Bangladesh serão os primeiros a aderir formalmente à iniciativa.
A expectativa é que a nova aliança funcione como um repositório de políticas de assistência social bem-sucedidas, disponíveis para que outros países possam desenvolver medidas semelhantes. Lula enfatizou que sem uma governança global mais representativa, problemas como fome e pobreza continuarão a ser recorrentes.