sexta, 25 abril 2025

Economia

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Frigoríficos vizinhos, futuros opostos

Enquanto o Boibras tenta sobreviver em meio a dívidas milionárias e recuperação judicial, a BMG Foods avança como potência do setor no mesmo endereço em São Gabriel do Oeste.

Atualizado: há 1 semana

Redação

Mesmo espaço físico, histórias opostas. Em São Gabriel do Oeste, a 137 quilômetros de Campo Grande, dois frigoríficos dividem o mesmo endereço, mas vivem realidades econômicas e jurídicas completamente diferentes. De um lado, o Boibras, que acumula dívidas milionárias e está em recuperação judicial. Do outro, a BMG Foods, que se apresenta como uma das maiores empresas do setor no Brasil.

Ambas operam no km 606 da BR-163. O Boibras, conhecido por marcas como Big Beef e Nobratta, enfrenta uma crise financeira profunda. Deve cerca de R$ 55 milhões a pecuaristas, ex-funcionários e bancos, além de outros R$ 220 milhões à União. Já a BMG Foods, embora registre um CNPJ diferente, utiliza as salas 1, 2 e 3 do mesmo endereço e se orgulha publicamente de estar atrás apenas da JBS e da Minerva no volume de abates bovinos.

A ligação entre as duas empresas vai além do endereço. Os gestores das duas companhias já estiveram envolvidos em escândalos de sonegação fiscal. Régis Luis Comarella, responsável pelo Boibras, é acusado pelo Ministério Público Federal de sonegar milhões. Jair Antônio de Lima, nome por trás da BMG Foods, comandava na década de 2000 o grupo Torlim, alvo de investigações por fraudes fiscais, uso de laranjas e contrabando de gado paraguaio. À época, 17 fazendas e dezenas de veículos do grupo chegaram a ser bloqueados pela Polícia Federal.

Hoje, Jair Lima não aparece diretamente no quadro societário da BMG Foods, mas documentos obtidos na Flórida indicam que ele é um dos proprietários da BFC-USA LLC, empresa americana que, junto com Douglas Augusto Fontes França, controla a frigorífica no Brasil. Em seu site, a BMG afirma ter nascido do Frigorífico Concepción, fundado no Paraguai e atualmente uma das maiores exportadoras de carne bovina daquele país.

Enquanto a operação paraguaia prospera e a BMG cresce em solo brasileiro, o Boibras tenta sobreviver. O plano de recuperação judicial prevê pagamentos aos credores que podem se estender até a próxima década. Em uma das ações, a Justiça chegou a bloquear R$ 151 mil da conta do frigorífico, mas o valor foi posteriormente desbloqueado a pedido da defesa e do administrador judicial.

Um dos casos mais emblemáticos enfrentados pelo Boibras envolve a empresa de pagamentos Cielo S.A., que contesta judicialmente o bloqueio de pouco mais de R$ 1 milhão, supostamente retido de forma indevida. A empresa tenta provar, por meio de recibos e perícia, que o valor já estava disponível na conta do frigorífico.

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