Dados divulgados nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o comércio brasileiro registrou uma queda de 1% no volume de vendas em maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa variação negativa é a primeira desde julho do ano passado, quando a queda foi de 5,3%.
Apesar desse resultado desfavorável, o setor varejista apresenta um aumento de 1,3% no acumulado do ano e de 0,8% nos últimos 12 meses, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).
Ao analisar a variação interanual, observa-se que a queda foi influenciada pela redução nas vendas em quatro das oito atividades pesquisadas, sendo o ramo de tecidos, vestuário e calçados (-18,2%) o mais afetado. Outros setores que apresentaram declínio foram artigos de uso pessoal e doméstico (-17,4%), livros, jornais, revistas e papelaria (-6,7%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,9%).
Por outro lado, alguns segmentos apresentaram crescimento em maio, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Destacam-se os setores de combustíveis e lubrificantes (+10,8%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+7,6%), hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+1,5%) e móveis e eletrodomésticos (+0,3%).
Considerando o comércio varejista ampliado, o setor de veículos e motos, partes e peças registrou um crescimento de 1,6%. Por outro lado, a atividade de material de construção apresentou uma queda de 2%, enquanto o atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo teve um aumento de 18,1% entre maio de 2022 e maio de 2023.
Em relação ao mês de abril, as vendas do comércio varejista também tiveram uma queda de 1%, sendo impactadas principalmente pela diminuição de 3,2% no setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Esse resultado representa uma reversão significativa em relação ao crescimento de 3,6% registrado no mês anterior.
Cristiano Santos, gerente responsável pela PMC, destaca a importância desse setor, que representa mais de 50% das informações coletadas pelo estudo, e ressalta seu potencial para influenciar os resultados do indicador. Segundo ele, o setor teve um crescimento acelerado em abril, o que ajudou a interromper as quedas anteriores.
O pesquisador também menciona que a conjuntura econômica atual tem pressionado o consumidor a fazer escolhas, o que resultou em um aumento do consumo em hiper e supermercados em abril, mas essa tendência mudou em maio. Santos explica que foi observado um tipo de "rebatida", em que os consumidores optaram por consumir menos nessa área e mais em outras atividades.
Na comparação mensal, houve uma queda em outras três atividades: tecidos, vestuário e calçados (-3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%) e móveis e eletrodomésticos (-0,7%). Santos explica que esses setores têm sido afetados pela redução do número de lojas físicas de grandes redes e que nem mesmo o Dia das Mães, que costuma impulsionar o comércio em maio, conseguiu reverter esse efeito.
Por outro lado, o setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria apresentou um destaque positivo, com um aumento de 2,3% em maio. Santos atribui esse crescimento ao impacto do Dia das Mães, além de ressaltar que esse setor vem apresentando um crescimento contínuo.
Outras três atividades também registraram taxas positivas no mês de maio: livros, jornais, revistas e papelaria (1,7%), combustíveis e lubrificantes (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,1%).