Com IPCA de 4,83%, país supera limite estabelecido pelo governo e acumula oito anos de descumprimento desde 1999
O Brasil voltou a registrar inflação acima da meta em 2024. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano em 4,83%, ultrapassando o teto da meta de 4,5% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Entre os fatores que contribuíram para a alta estão a desvalorização do real frente ao dólar, o aumento dos preços das commodities e eventos climáticos que impactaram a produção agrícola. Esse cenário pressionou os preços e dificultou o controle da inflação.
Para conter o avanço inflacionário, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 12,25% ao ano. A medida busca frear a economia e reduzir a demanda, mas também pode desacelerar o crescimento econômico e afetar a geração de empregos.
Como determina o regime de metas de inflação, o presidente do Banco Central deve enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda sempre que a meta não for cumprida. No documento divulgado este ano, o BC apontou a alta do dólar, o encarecimento das commodities e o aquecimento da economia como as principais razões para o descumprimento da meta.
Desde a adoção do regime de metas em 1999, o Brasil já superou o limite da inflação em oito anos: 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021, 2022 e agora em 2024. O pior resultado foi registrado em 2002, quando o IPCA chegou a 12,53%.
A partir de 2025, a apuração da meta será contínua, considerando os 12 meses anteriores, o que deve proporcionar maior estabilidade e evitar distorções provocadas por oscilações temporárias nos preços. A meta para o próximo ano permanece em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.