O recente reajuste de R$ 0,22 por litro no diesel, anunciado pela Petrobras, já acende um alerta para o impacto nos custos do transporte rodoviário e, consequentemente, no preço dos produtos que chegam ao consumidor. A estimativa de especialistas é que o aumento provoque um reajuste de 2% a 2,5% no frete de cargas, reflexo que deve ser sentido em supermercados, farmácias e outros setores do comércio.
Com mais de 65% da produção nacional escoada por rodovias, o Brasil tem uma forte dependência do transporte rodoviário, o que torna o diesel um combustível estratégico para a economia. Além dos caminhões, ele é essencial para máquinas agrícolas, geração de energia em termelétricas e até no transporte público. Isso faz com que qualquer reajuste tenha um efeito cascata na inflação.
O economista André Braz, da FGV Ibre, explica que, embora o aumento no custo do frete seja inevitável, o impacto nos preços finais é difícil de prever. Isso porque os repasses dependem de contratos e negociações, que variam conforme o setor. No entanto, caminhoneiros autônomos, que operam sem contratos fixos, devem ser os primeiros a reajustar suas tarifas, o que pode acelerar a chegada do aumento ao consumidor.
O especialista em logística Lauro Valdivia ressalta que a falta de investimentos em transporte ferroviário e marítimo contribui para que o Brasil continue dependente dos caminhões. Mesmo que novas alternativas sejam desenvolvidas, o transporte rodoviário seguirá essencial para a distribuição final dos produtos.
Diante desse cenário, o impacto do diesel nos preços varia conforme o tipo de mercadoria. Produtos básicos, como alimentos, sentem o aumento com mais intensidade, enquanto itens de maior valor agregado, como eletrodomésticos e eletrônicos, absorvem melhor os reajustes no custo do transporte.