A crise provocada pela gripe aviária nos Estados Unidos abriu uma janela de oportunidades para a avicultura sul-mato-grossense. Com a escassez de ovos no mercado norte-americano, as exportações do produto produzido em Mato Grosso do Sul mais que dobraram nos últimos anos, consolidando o Estado como um dos principais fornecedores globais.
Somente em 2023, os EUA importaram 1.142 toneladas de ovos de MS. No ano seguinte, o volume saltou para 2.096 toneladas, e só no primeiro trimestre de 2025, o número já alcança 840 toneladas. A movimentação ganhou força com a eliminação de mais de 123 milhões de aves nos Estados Unidos desde 2022, o que impactou fortemente a oferta e fez o país buscar fornecedores internacionais — com o Brasil assumindo a liderança nas exportações no início deste ano, conforme dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Mato Grosso do Sul acompanha esse movimento com uma produção robusta. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Estado registrou a produção de mais de 1,1 bilhão de ovos em 2023, concentrados principalmente nos municípios de Terenos (34,62%), Ivinhema (29,13%) e Dourados (6,39%).
Outros produtores relevantes incluem Sidrolândia, Jateí, Cassilândia, São Gabriel do Oeste, Água Clara e Douradina, que juntos contribuem com milhares de unidades ao ano.
Além dos Estados Unidos, os principais destinos internacionais dos ovos sul-mato-grossenses neste ano foram o Chile (236 mil quilos), a Colômbia (72 mil quilos) e as Filipinas (24,3 mil quilos).
Para o secretário executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta, o cenário é promissor: “Temos estrutura, grãos, logística e sanidade. A produção de ovos é estratégica para Mato Grosso do Sul e pode crescer ainda mais nos próximos anos”.
Os números refletem os investimentos de grandes empresas do setor. A Camva, cooperativa instalada no Estado, produz cerca de 1 milhão de ovos por dia, com possibilidade de ampliação conforme a demanda do mercado, explica o diretor administrativo Issao Kurokawa.
Já o Grupo Yabuta, que atualmente alcança a marca de 2,4 milhões de ovos por dia, prepara um salto de produção. Um novo complexo com cinco aviários e uma fábrica de ração está sendo construído no Distrito de Nova Casa Verde, em Nova Andradina. A estimativa é que, até 2027, a produção diária chegue a 3,8 milhões de ovos.
Para viabilizar o projeto, o Governo do Estado e a Prefeitura de Nova Andradina investiram em infraestrutura de acesso ao local. “É um empreendimento que movimenta a economia, gera empregos e fortalece o Estado. Estamos seguindo a orientação do governador Eduardo Riedel de apoiar iniciativas que tragam desenvolvimento real aos municípios”, afirmou o secretário da Semadesc, Jaime Verruck.
Com vocação natural, investimento contínuo e apoio público, a avicultura de postura em Mato Grosso do Sul se fortalece como referência nacional e internacional.
