O mês de novembro começa com um feriado nacional. O dia de finados é marcado pela ida aos cemitérios por pessoas de diferentes tradições religiosas e mesmo por aqueles que não praticam religião nenhuma.
Isso indica que o amor entre as pessoas ultrapassa o tempo de sua vida no mundo e independe de religião. A celebração tem origem na Idade Média, entre os cristãos, que acreditam na vida eterna, que começa logo após a morte, quando a pessoa é chamada por Deus. Também desde o início a data foi marcada para o dia seguinte ao dia da celebração de Todos os Santos. Vejo nisso muita coerência, porque quando rezamos para pedir graças aos santos reconhecidos, canonizados pela igreja, não podemos esquecer aqueles que morreram e ficaram quase esquecidos, porque não se sabe se foram santos nesta vida.
A prática de ir ao cemitério também é um costume antigo, atestando o dever de continuar a rezar por aqueles que já não estão fisicamente no mundo, e mesmo não sendo santos, permanecem na memória e no coração de seus parentes e amigos.
Levar flores, acender velas e rezar é uma forma de homenagear quem já partiu. É triste ver que alguns túmulos já não são mais cuidados, não recebem um gesto de atenção há muito tempo. As flores murcham, as velas se apagam, mas as orações chegam até Deus, não importa de onde elas partem, seja do cemitério, seja da capela ou de casa mesmo.
Podemos imaginar que muitas pessoas dessas pelas quais rezamos já estão definitivamente com Deus e nem precisam mais de orações, mas elas não se perdem. Quando rezamos por alguém que já está no céu, as orações são revertidas a outras pessoas que ainda precisam delas ou retornam em favor de quem reza. Essa comunhão de amor entre vivos e mortos é motivo de muito conforto para quem lamenta a perda de alguém, um pai, uma mãe, um filho, um amigo, um professor.