Na região da Grande Dourados, que engloba diversos municípios no interior do sul de Mato Grosso do Sul, a pesca esportiva tem se destacado no cenário nacional devido à diversidade e ao tamanho dos peixes capturados por amantes da pesca. As águas mais buscadas são as do rio Dourados e do Rio Brilhante, além do encontro desses dois rios, popularmente chamado de "Brilhantão", que posteriormente se torna o Rio Ivinhema e desagua no Rio Paraná. Para conhecer mais sobre a região, conversamos com o pescador esportivo e guia de pesca Antônio Marques da Silva Oliveira, mais conhecido como Maza Fishing.
Entrevista:
• Maza, conte um pouco sobre a sua história.
Bom, eu sou empresário publicitário, guia de pesca, amante da pesca esportiva e também trabalho na área de comunicação visual, que foi uma das minhas primeiras paixões no nível profissional. Sempre trabalhei com criação e desenvolvimento de ideias.
• Quando você começou a trabalhar como guia de pesca na Região de Dourados?
A oportunidade de trabalhar com pesca surgiu de uma paixão que sempre tive pela pesca em si. Quando era mais jovem, meus pais eram pescadores. Meu tio também teve uma grande influência nisso, pois ele é pescador até hoje. Naquela época, esses pescadores pescavam para se alimentar, já que viviam em sítios e fazendas. Eu fazia parte dessa vida e da rotina de pesca, que incluía a criação de gado, porcos, frangos, entre outros. Cresci com essa influência. A paixão pela pesca estava adormecida, mas com o tempo, essa vontade de pescar cresceu. Quando já estava mais velho, por volta dos 17 ou 18 anos, retomei a pesca, e a paixão foi avassaladora. Comprei meu primeiro barco e peguei meu primeiro dourado.
Sempre fui contrário às técnicas de pesca tradicionais da época, em que não se podia ficar em pé no barco e era necessário lançar a vara para trás e esperar o barco descer. Eu preferia uma abordagem mais ativa, com muitas ações, arremessos, recolhimentos e trabalho das iscas.
A profissão de guia surgiu da necessidade de separar meu Instagram profissional, o Maza Ideias, onde comecei a compartilhar conteúdo profissional relacionado à pesca. Nessa separação, criei a marca Maza Fishing e desenhei um peixinho à mão para o logotipo. Minhas primeiras postagens no canal do Maza Fishing refletem esse início. A partir daí, o canal cresceu, com capturas e postagens frequentes, e hoje está onde está, graças a Deus.
Com o tempo, essa trajetória me levou a ser guia de pesca e a ser reconhecido no mundo da pesca, com amplo conhecimento em capturas e um forte compromisso com a preservação na pesca esportiva.
• Como você enxerga o potencial da Pesca Esportiva na região?
Hoje, Dourados, Mato Grosso do Sul, é um polo pesqueiro, um dos melhores do Brasil, junto com outros estados que também têm uma pesca abundante em termos de peixes e espécies. No entanto, acredito que o Mato Grosso do Sul ainda não explorou todo o seu potencial. Precisamos adotar leis mais rigorosas para a preservação das espécies. Um exemplo disso é a preservação do dourado, na qual já começamos a colher os frutos com o aparecimento de peixes de médio e pequeno porte. No entanto, as grandes matrizes ainda podem estar em risco. Para que a região se torne um polo pesqueiro mundial, precisamos de governos mais eficazes, leis mais rigorosas, fiscalização e policiamento. O policiamento é um aspecto importante, pois envolve garantir a pesca esportiva. É importante ressaltar que a pesca esportiva não se resume a pegar e soltar o peixe; os pescadores também devem receber treinamento sobre como manusear o peixe para garantir que ele seja solto com saúde, de modo que possa crescer, se desenvolver e continuar com uma vida ativa.
• Quais as modalidades de pesca e quais os peixes mais procurados pelos turistas que contratam seus serviços?
Na minha operação de pesca, as modalidades mais praticadas são o bait cast, que envolve o uso de iscas artificiais. Destaco-me na pesca esportiva por priorizar o uso de iscas artificiais. Isso não significa que não atendemos às outras modalidades; sempre adaptamos nossa abordagem às condições do rio. Em águas turvas, a atividade com iscas artificiais pode ser reduzida, então, em casos assim, recorremos à isca viva. No entanto, na operação Maza Fishing, preferimos sempre a isca artificial, pois proporciona uma experiência mais emocionante. A ação de arremessar, recolher e atacar é incrível.
• Sabemos que você é um dos organizadores do torneio de pesca "Gigantes do Rio Dourados". Conte-nos um pouco sobre como surgiu essa ideia.
A ideia do torneio "Gigantes do Rio Dourados" surgiu da minha vontade de fazer mais pelo meu estado, pelo Rio Dourados e pela preservação. Lembro-me de ter passado três noites sem dormir, pensando, escrevendo e buscando informações na internet sobre como poderia criar esse evento. Foi um processo desafiador, mas consegui chegar a uma solução. Hoje, o "Gigantes do Rio Dourados" é uma realidade e já estamos na quarta edição. Este evento premia as maiores espécies, realiza sorteios de prêmios e busca incentivar a transição de ribeirinhos profissionais para guias de pesca. É um evento totalmente voltado para a pesca esportiva, em que os competidores são incentivados a capturar e soltar seus peixes com cuidado. Temos construído muitas parcerias e o evento se soma a tudo o que está acontecendo no mundo da pesca esportiva.
• Há muito tempo vem sendo discutidos meios de preservação das espécies de peixes presentes nos rios do Estado, e uma das ações tomadas foi a proibição da pesca e abate do Dourado, um dos peixes mais cobiçados pelos amantes da pesca esportiva. Como você enxerga o resultado dessas políticas públicas no dia a dia? E como avalia a aceitação e conscientização dos pescadores da Região da Grande Dourados?
Há muito tempo, discutem-se meios de preservação e proibição da pesca do pintado e do dourado. Como pescador esportivo, acredito que a melhor forma de proibição é fechar completamente a pesca dessas espécies, ou seja, não permitir o transporte nem o abate do peixe, mas liberar o consumo nas margens do rio. Na minha opinião, essa é a maneira mais adequada de preservação. Já podemos observar os resultados, pois a população de dourados tem crescido. No entanto, é importante monitorar essa superpopulação, pois pode afetar outras espécies e ecossistemas. Acredito que a liberação do consumo no rio equilibra a situação, proporcionando peixes para consumo e, ao mesmo tempo, mantendo a pesca esportiva vibrante e saudável.