terça, 14 janeiro 2025

há 6 dias

A+ A-

A COBRA!

Vários ícones dos Muscle Car Americanos, o Dodge Challenger R/T.

Na inauguração dessa coluna eu trouxe para vocês um dos vários ícones dos Muscle Car Americanos, o Dodge Challenger R/T, naquela versão com um V8 5.7 de motor atmosférico.

Embora o Challenger fosse a versão de entrada dos V8 da marca, na coluna de hoje trago outro ícone americano, o FORD MUSTANG. Só que a unidade avaliada é a top de linha das versões do “Cavalo Selvagem”, ou seja, é um MUSTANG SHELBY COBRA GT 500, modelo 2010.

Sob o capô dessa máquina incrível, tem um V8 de 5.4 litros, equipado com supercharger, que entrega 540 cavalos de potência e impressionantes 51 kg de torque, quase todos disponíveis logo ali no começo do ponteiro do conta-giros.

Antes de passar o que interessa (minha experiência ao volante), se faz necessária uma rápida passagem pela origem dessa versão tão diferenciada dos demais Mustang.

Após terminar sua carreira de piloto, o Norte Americano Carroll Shelby voltou suas atenções para a fabricação de carros.

Em 1962, ele fundou a Shelby American, Inc. e iniciou uma colaboração lendária com a Ford Motor Company. O resultado mais notório dessa parceria foi o lendário Shelby Cobra.

Mas vamos às minhas impressões!

Ao volante, é um carro que transmite confiança, com pouquíssima rolagem da carroceria. Lógico que isso se deve ao fato de que esta versão é ainda mais “firme” que as demais versões do Mustang e toda essa melhoria na estabilidade cobra seu preço: é um carro bem “durinho” que sofre um pouco no nosso asfalto do dia a dia. Mas como NÃO É um carro para o dia a dia, essa característica não atrapalha em nada o propósito para o qual ele “nasceu”.

A direção é ligeiramente pesada e como grande dos veículos dessa natureza e geração, não se apresenta de forma tão direta. De qualquer forma, faz muito bem o seu papel, principalmente nas situações em que as correções geradas pelas tão prazerosas “saídas controladas de traseira”, são rapidamente exigidas do piloto.

O motor, o V8 5.4 exibe uma sinfonia maravilhosa (esta unidade está equipada com um escapamento esportivo) e desperta a atenção por onde passa, acelerando os batimentos cardíacos do condutor. Aliás, a “sinfonia” (o que sai de um V8 nunca é barulho) desse motor 5.4 é, na minha opinião, ainda mais bonita do que as dos motores Coyote 5.0 dos atuais Mustang, pois tem o som mais encorpado e com menos “estalos embolados” ao subir o giro. Calma, leitores, não estou dizendo que o som dos atuais Mustang não seja maravilhoso, mas apenas que prefiro um som mais encorpado e mais linear, “liso”, se é que me fiz entender, rsrsrs...

O desempenho do motor é obviamente complementado, de forma até necessária, pelo supercharger. Aliás, sobre o supercharger, como eu disse mais acima, embora ele esteja “alerta” desde as primeiras rotações do motor (o que é esperado, uma vez que esse tipo de compressor está ligado à polia do motor), a potência máxima é entregue mesmo a partir dos 4.500 RPM, quando então se pode ouvir até mesmo o “assovio” do conjunto. Demais!!

Aliás, o motor do Shelby é extremamente “girador” para um V8 de tamanha litragem cúbica, alcançando a redline somente aos 6.250 RPM. UAU!!!

E isso torna a pilotagem incrível, pois girando tanto e entregando potência em uma faixa tão extensa, o carro não para de “empurrar”, exigindo menos trocas de marchas, o que é, ao meu ver, um grande vantagem.

Todo esse conjunto é completado com a “cereja do bolo”, que é a caixa de marchas manual de seis velocidades, que possui as quatro primeiras marchas perfeitamente escalonadas para extrair o máximo do powertrain e, em contrapartida, proporcionar ao condutor experiências inigualáveis! As quinta e sexta marchas são bem mais longas e proporcionam à máquina o equilíbrio perfeito entre “economia” e o mínimo conforto para uma eventual viagem, desde que em alguma estrada com pavimentação decente.

Embora eu não tenha experimentado o “Cobra” na rodovia, pelo pouco que percebi, se o condutor quiser acelerar fundo, mesmos nessas marchas mais longas, o powertrain mostrou que tem força suficiente empurrar a máquina a velocidades altíssimas.

Ao final da experiência, achei que a somatória de todas as características traz um carro muito estável, que acelera e freia muito bem. Pode ser conduzido no dia a dia? Não é dos melhores, devido à rigidez do conjunto de suspensão, que sofre um bocado com o asfalto ruim e demanda mais cuidados ao dirigir.

Aliás, nunca andei nos atuais Mustang 2025, mas posso dizer que as versões de 2018/2023, mesmo nas versões mais “simples” (MACH 1, GT, entre outras) também não são muito confortáveis para o dia a dia, em virtude do asfalto sofrível que temos em Campo Grande.

Quando se trata de versões mais esportivas, como a GT 500, obviamente que a conforto fica um pouco prejudicado em prol da maior performance do conjunto.

No design, o “Cobra” impressiona e se mostra atemporal!

A frente traz os clássicos faróis horizontalizados e com o bloco principal redondo. A grade enorme e elevada junto ao capô é uma marca inconfundível dos Mustang. Na visão lateral, seu design conserva a proporção construtiva dos anos 60, quando foi criado, com a frente proporcionalmente maior que a traseira e linhas de cintura alta. Na traseira, a clássica lanterna tripartida outra marca icônica do carro e que o acompanha desde 1964 até hoje. O interior, por fim, traz requinte e ainda modernidade, porém sempre mantendo sua aparência clássica. Esta unidade traz em destaque o símbolo da Cobra ao volante, a manopla do câmbio na clássica “bolinha branca” e o nome da versão estampada no painel do lado do passageiro. Tudo isso, para que nenhum “desavisado” tenha a menor dúvida de que está dentro de um SHELBY COBRA, não de um Mustang “qualquer”, rsrsrs.

Uma curiosidade: durante o teste, parei para tirar as fotos, quando algumas pessoas chegaram para olhar e ficaram incrédulos quando souberam que se tratava de um carro do ano de 2010. A conservação dessa unidade em questão é impressionante. Como diriam os entusiastas de carros com um pouco mais de idade de fabricação, o veículo está praticamente “imaculado”, rsrsrsr.

Sem dúvida, mais um dos carros incríveis que tive o prazer de “pilotar”, cuja experiência ao volante eu terei o privilégio em guardar na minha memória para sempre.

Não posso deixar de agradecer o meu amigo Fábio Anache e o “Barão”, proprietário e consultor de vendas da SHOWROOM Multimarcas, respectivamente, que me emprestaram essa unidade do seu “estoque de sonhos”, para que eu pudesse trazer mais essa experiência para meus leitores.

 

Aliás, vi lá na Showroom um belíssimo Porsche 911 Turbo S (o top da “cadeia alimentar” da marca) e já estou pleiteando autorização para trazer esse review para vocês, caros leitores.

Bruno Romero (advogado e apaixonado por tudo que tem motor)

 

Carregando Comentários...

Veja também